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domingo, 14 de dezembro de 2014

EXERCÍCIO POÉTICO: Virgínia Victorino (Portugal) & Regina Coeli (Brasil) & Giovanni B. Finetti (Itália)

























INCERTEZA
Virgínia Victorino

Mentes-me muito, sim. Já mo tens dito
e eu tinha-o já também adivinhado.
Mas que me importa a mim esse pecado,
se te desculpo até, se te acredito? 

Qual será de nós dois o mais culpado?
Tu, que mesmo a mentir és tão bonito,
mudando em graça o teu maior delito,
ou eu, porque te tenho acreditado? 

Tu vais dizendo aquilo que não sentes;
eu, ando presa a ti, nesta ansiedade
de saber o motivo por que mentes. 

Enganamo-nos ambos, sem pensar:
tu a mentir, dizendo-me a verdade,
eu, crendo em ti, mas sempre a duvidar.




DOCE MENTIRA
Regina Coeli 

Aquilo que se tem como verdade,
Verdade o é, se faz o coração
Feliz, fingindo cega a tal razão
Que vê somente a dura realidade. 

Sensato o coração, se a mágoa invade
Ela escurece um céu todo ilusão
Nos pingos derramados pelo chão
Em pranto já com gosto de saudade... 

Pra que saber de fato o que é mentir?
Que importa se o amor parece brando
Na rega que hoje dás ao meu florir... 

Pra me enganar, a ti vou-me abraçando
E às mentiras que trazes a sorrir,
Enquanto, em mim, verdades vou chorando!

Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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MUDAS VERDADES
Giovanni Finetti

Quer-se dizer, mas tanto não se diz,
Deixando-se esconder nas entrelinhas...
No olhar a rosa bela em seu matiz,
Deixei pra outro as ânsias todas minhas. 

Juntar palavras sem querer dizer.
Deixar guardado o verbo e o seu sentido
Fazendo errada aposta pra perder 
Um jogo começado, e já perdido.

O meu querer habita o que eu não digo
E o que eu digo me afasta o bem-querer;
Fingi o tempo todo que, contigo,
Um outro a ti devia merecer.

Agora que vou quase te perdendo,
Confesso que a mentira se perdeu.
Verdade é que vivi de ti escondendo
Que esse teu doce amor queria eu!



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