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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

EXERCÍCIO POÉTICO: Virgínia Victorino (Portugal) & Regina Coeli (Brasil) & Humberto Rodrigues Neto (Brasil)


Created by Carolyn/USA


























QUANDO TE VI
Virgínia Victorino
(1898-1967)-Alcobaça, Portugal

A manhã era clara, refulgente.
Uma manhã dourada.Tu passaste.
Abriu mais uma flor em cada haste.
Teve mais brilho o sol, fez-se mais quente.

E eu inundei-me dessa luz ardente.
Depois não sei mais nada. Olhei... Olhaste...
E nunca mais te vi. . . - Raro contraste! -
A madrugada transformou-se em poente.

Luz que nasceu e apenas cintilou!
Deixou-me triste assim que se apagou.
Às vezes fecho os olhos; vejo-a ainda...

E há tanto sol dourando esses trigais!
Olhaste, olhei, fugiste... Ai, nunca mais,
nunca mais tive outra manhã tão linda!




EM MIM
Regina Coeli

Em suave outono, em mim fazia frio,
E minh´alma sozinha e atormentada
Se escondia na densa madrugada
Chorando a sua dor e o seu vazio.

E sorrateiramente um arrepio
Estremeceu-me a lida já cansada
E em meu jardim a flor despetalada
Sonhou em reviver na terra em cio.

Se o vento fez-me flor caída e triste,
A brisa hoje bafeja e a mim eleva
No amor a despertar o que ainda existe...

Ó meu amor, ó minha luz na treva,
Cuida esta flor, que o tempo passa e insiste
Em te fazer meu sol, quando em mim neva!...




RECONCILIAÇÃO
Humberto - Poeta

Eu também sinto o vago desse outono
trazer-me à mente as mais sutis lembranças
do teu amor, do qual senti-me o dono
a transbordar de sonho e de esperanças.

Na mesma mágoa em que a sofrer te lanças
amiúde vêm-me uns laivos de abandono,
de frustrações e de desesperanças
a me privar até do próprio sono.

Antes que o inverno em glacial aragem
dilua em nós a doce e suave imagem
daquele amor que um dia a dois sonhamos,

tornemos logo sim, àquela antiga era,
pra reacender o sol da primavera
que por arrufos tolos apagamos!

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