Foi um quase chegar…
Eugénio de Sá
Era c'o um “se” que sempre me afastavas
Sempre um “talvez” travou a nossa vida
Eu, mal chegava, já estava de partida
Tu, hesitante em dizer que me amavas.
Tangemos ao de leve a felicidade
Nunca a soubemos ver como possível
Pois sem um forte crer não será crível
Que d'incertezas nasça uma verdade.
E assim, ao rés do amor fomos andando;
- Era estar preso ao cais mas sem amarras -
Tu, parecendo anuir, sempre adiavas
Eu, sempre mil entraves vislumbrando.
Pra ti, foi só um bem…que suportavas
Pra mim, quiçá prazer…que fui levando
- Foi um quase chegar, nunca alcançando -
Pra nós foi um voar privados d’asas!
Um quase chegar...
Regina Coeli
(voando na bela inspiração do poeta Eugénio de Sá)
Pobre daquele que provou o “talvez”,
A dúvida com travo de agonia
Da noite mística envolvendo o dia
Ensombrecidamente sem porquês...
Ao longe os cantos, um de cada vez,
Ecoaram à despedida da alegria
Na partitura a se vestir sombria
De notas com requinte de mudez.
O que é estender a mão... e não pegar,
E ainda sorrir da sorte onipotente
De sentir dentro o amor... sem desfrutar?
Ó noite, faz de mim um alguém contente:
Dá-me um beijo com hálito de luar
E deixa o sol cobrir-me ardentemente...
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
Brasil - 2013
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