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CABELOS BRANCOS


Sensível  e Bela Arte de Cleide Canton

CABELOS BRANCOS
Regina Coeli

O tempo passa...
Deixa marcas imutáveis,
apenas disfarçáveis.
No espelho das recordações,
no balanço do que foi bom e dos senões,
deixa vestígios e sinais
dos bons ventos e dos vendavais,
das velas rasgadas e das recuperadas
por conta das batalhas travadas.

O tempo passa...
Deixa rugas na face
sem qualquer disfarce.
Por ali ele passou,
construiu canais,
sublimou a dor escorrida
na chegada e na partida,
ventou aragem fresca ou ventania
sobre os rostos a cada dia.

O tempo passa...
Leva com ele as cores,
carrega com ele os vigores,
embaraça cabelos num gesto audaz
e derrama sobre eles a tinta branca da Paz.
Os cabelos, a moldura do rosto,
assistem ao prazer ou ao desgosto
dos que veem ficar pra trás seus tons coloridos
para se embranquecerem em meio a sorrisos e gemidos.

O tempo passa...
Às vezes leva os cabelos embora...
Tranca a porta e deixa do lado de fora
a chave de se manter bem longe o entardecer...

Entre tintas, acertos e procuras,
entre aceitações e loucuras,
os cabelos vão embranquecendo
alheios aos coloridos forçados que chegam gemendo...

Cabelos brancos...
Repudiados por uns,
bem aceitos por alguns...
Ausência de pigmento,
beleza do esmaecimento...
Mecha de claridade
que avança sobre a vaidade
trocando as aquarelas de pintar
pelos raios embranquecidos do luar...

Cabelos brancos...
A Vida de todo jeito
Suplicando Amor e Respeito.

Meus cabelos brancos...
Fazem em mim um colorido natural
do que se repete, mas não é igual.
Moldura desenhada pelo Senhor Tempo,
pintor de todos os momentos.
São para mim o sentimento de resgate
das horas e dos minutos,
dos erros buscando acertos,
das mentiras e das verdades
numa experiência que não tem idade,
que não tem noite nem dia,
e que os pincelou com o branco da ousadia.

Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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