Bela Arte de Jane Botti - Br
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Libertar, através da escrita, sentimentos e impressões
represados no interior por tanto tempo
Revelar angústias, medos, êxtases, percepções,
certezas e incertezas, em busca de alento
Remexer as gavetas mais pungentes
e delas resgatar as emoções há tanto guardadas
Vesti-las com roupas atraentes
para mostrá-las o mais belamente adornadas
Depurar o Eu para torná-lo leve e verdadeiro
Ajustar as asas, tal qual um pássaro criança,
que em sua passagem pela Vida, altaneiro,
voa vôos cada vez mais altos e pra longe, rumo à esperança
Será que a maturidades afrouxa a razão,
desata os laços da censura e transpõe qualquer barreira?
Ao me revelar, exponho-me sem a menor inibição,
faço-me cobaia de uma catarse, por escrito, carpideira P
E, assim, revelo minhas percepções em meio à Dor
Sangro feridas que o tempo não fechou
Choro mágoas, desilusões em meio a um torpor
Mostro-me limpa, "faxineira das emoções" que sou
Desde os mais tenros e distantes anos de idade,
em profundo desacordo com os seus pares,
já habitavam na menina Regina a Tristeza e a Saudade,
o oposto dos felizes coleguinhas dos bancos escolares
Passado o tempo, as experiências lhe trouxeram a Dor
nascida das paixões, dos desencantos, das esperas;
do que via à sua volta, expressão do desamor,
almejava o oposto, quem sabe, belíssimas quimeras
Sensibilidade à flor da pele, chorei
com a pena e o papel, amigos do meu Eu, purguei
ilusões pisadas e sentimentos atropelados, pensei
Mundo bandido, mundo cruel, então calei.
Calei os choros e afastei-me do meu mundo interior
Caí na cheia lida do dia-a-dia e me senti vazia
Hoje, volto a versejar , rimo dor com Amor,
tormento com Alento e arredia com Poesia
Mais que o prazer de retornar aos versos
e ver as emoções outrora só sentidas, agora revividas,
(mudas no percurso de caminhos tão transversos)
agora loquazes no papel, por mais de uma pessoa lidas
O que só era visto com os olhos de minha sensibilidade,
Hoje consigo expor no papel com devoção
Rasgo o peito em terna felicidade
Sinto o divino em mim, o milagre da Criação
Criar a ponte do meu interior para o mundo aqui de fora
Revelar impressões tidas pela Vida
Levar outrem a também se reviver no agora
É muito mais do que eu almejava, antes da partida
Num mundo externo vergastado por desamor, aspereza,
desrespeito, injustiça, egoísmo e crueldade...
Voltar ao meu interior e processar toda esta tristeza,
Purgar mágoas, chorar os choros de ontem e os de hoje
... é maturidade
Se vou triste ao meu interior, volto dele confiante
Qual pássaro catando gravetos para fazer seu ninho
Capto do mundo externo impressões aqui e adiante
E as tiro, metaforicamente falando, de seu desalinho
Olho para a frente, busco viver as grandes emoções,
aquelas que a Vida nos dá em silêncio e de graça
os grandes encontros com a Natureza e suas seduções
sentir o vento, ver as flores, sentar na praça
Busco a melhoria das relações entre os seres:
mais Amizade, mais Amor e mais Fraternidade,
mais Prazer nas coisas simples, menor apego a haveres
Busco o Equilíbrio para buscar a Felicidade
Em peregrinação silenciosa e sofrida rumo à libertação
escrevo minhas cartas de alforria, etapas nessa busca
A quem não conseguiu me encontrar todos esses anos,
informo meu novo endereço: rocha.regina@uol.com.br,
no qual mora um outro lado de Regina, a face de Aniger,
rainha dos meus versos, que se mostra
... pelo avesso!
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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