LIBERDADE
Ruth Gentil Sivieri
Entre as folhagens secas do jardim
Uma ave que estava prisioneira
Aguarda silenciosa a noite inteira
Pra de manhã tentar um voo, enfim.
Adeja bem inquieta, mas faceira,
Alça voo e pra ver o querubim
Na imensidão do céu do serafim
Rufla as asas e vence a ribanceira.
Canta, solta o trinar que é todo teu;
Desfruta, ave, o clímax da alegria
Já livre da prisão que te prendeu.
Sê ousada, enche o canto de poesia
E desce, que na Terra amanheceu
E o teu solfejo faz mais belo o dia.
AVE LIBERTA
Cleide Canton
Tão tarde me chegou a liberdade,
tão cedo meu alar me foi roubado
que hoje esse meu céu ilimitado
alimenta o rigor dessa ansiedade.
Busco o belo no azul ou no dourado,
num voo manso enquanto há claridade
ou enquanto durar essa vontade
de sonhar tudo o que me foi poupado.
Leve e solta verei o sol deitando
a as luzes bem aos poucos se apagando
vão mostrar-me o momento do regresso.
Pouso, então, desta feita, em chão seguro
sem temer a grandeza do meu muro
e do sonho, por hora, eu me despeço.
ASAS ABERTAS
Regina Coeli
A noite vai caindo na calçada
E em mim bate uma grande solidão
Esparramada sobre um sim ou um não
Que vira a página do tudo ou nada.
O olhar pressente a vida apequenada
Em voos rasos, sem qualquer ilusão...
Ó livres pássaros, pra onde irão
os sonhos nesta vida engaiolada?
E bato os braços meus sofregamente
Querendo alturas a que não subi,
Dizendo coisas que só diz quem mente.
Há um mundo imenso a se espreitar daqui...
Fazei-me, asas! Abri-me inteiramente,
Para eu lá voar o que não voei aqui.
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