Bela Arte de Suely Dam |
Desbravando sombras,
sangrando feridas,
a pena avança...
Excitada pela brancura do papel,
rompe amarras,
sedenta e audazmente
deságua na folha-virgem
verdades da alma,
choros do tempo,
delírios do corpo,
saudades do ontem,
em palavras copuladas,
em versos acarinhados...
Fosse a folha uma mulher
e a pena, um homem,
o escrever seria o resvalo consentido,
impetuoso e arrebatado,
do macho sobre a fêmea...
Espaços preenchidos,
libertar de emoções,
intercâmbio de sensações,
plenitude em sofreguidão.
O ato de escrever é Amor
extravasado no recôndito e na solidão...
É o exercício em repetição
que leva ao êxtase na criação...
Entre o antes e o depois,
infinitas nuances do querer...
A folha, íntegra e incólume,
abre-se aos movimentos da pena,
corporifica palavras paridas e libertas...
No aconchego das linhas,
as idéias tomam forma, se esparramam,
sofridas e rasgadas,
benditas e explodidas...
E o artífice, o artesão,
o que conduz a pena viril com prazer
e em júbilo, vê inteiramente completa a folha-mulher,
regalando-se ele no gozo infinito do escrever...
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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