
Nas águas por onde passaram caravelas
abrigando descobridores de além-mar
Desliza a minha nau, serena e bela
Enlevo que navega o meu recordar
Quando embarco em ti, ó barca
Da Cantareira, unindo o Rio a Niterói,
Sinto a saudade que me encharca
Inundar-me a alma num rói e dói
Tempo de criança, tão distante,
Viagem na proa, cabelos ao vento
Sol, céu, verde, morros, rosto radiante
Nada escapava ao meu olhar atento
Embarco em ti já na madureza
Num silêncio por anos aprisionado
Confesso que me invade uma tristeza
Do tanto que contigo deixei de ter navegado
Como no ontem, vou para a proa
A mesma paisagem, tão deslumbrante
A emoção me invade, o pensamento voa
Sinto-me plena de felicidade num só instante
Mar, volto a te navegar suavemente
Incorpora às tuas águas o meu sentir
São lágrimas retidas no tempo caladamente
Que hoje, por saudade, derramo sobre ti
Barca, conserva sempre essa magia
Um bucolismo que passeia pelo mar
És o ontem que recordo a cada dia
Coisas simples, expressão viva do meu amar...
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
___________
Nenhum comentário:
Postar um comentário