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domingo, 14 de dezembro de 2014

EXERCÍCIO POÉTICO: Virgínia Victorino (Portugal) & Regina Coeli (Brasil)

Imagem de Thomas Saliotimthumb
















TRISTEZA
Virgínia Victorino
(1895-1967, Lisboa, Portugal;
grafia da época)

Nos dias de tristeza, quando alguem
nos pergunta, baixinho, o que é que temos,
ás vezes nem sequer lhe respondemos:
faz-nos mal a pergunta em vez de bem.

Nos dias dolorosos e supremos,
sabe-se lá d'onde a tristeza vem!
Calâmo-nos. Pedimos que ninguem
pergunte pelo mal de que soffremos.

Mas quem está livre de contradicções?
Quem pode ler nos nossos corações
Oh, mysterio, que em toda a parte existes!

Pois haverá desgosto mais profundo
do que este de não ter alguem no mundo
que nos pergunte por que estamos tristes?



TRISTEZA
Regina Coeli

Quando a tristeza larga em teu caminho
Angústias, sofrimento e solidão,
Volta-te aos Céus e firma os pés no chão,
E acredita que nunca estás sozinho.

Ao longo da jornada, o descaminho
Machuca e faz doer o coração,
Mas crê, tudo isso passa, e passarão
As lágrimas carentes de carinho...

Se diante de perguntas, nos calamos.
Por nada perguntarem, então choramos,
Uma contradição que aperta os nós

E que nos deixa cada vez mais sós...
... Há olhos sempre postos sobre nós
Que choram quando tristes nós estamos!



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