Não vale o sacrifício
Eugénio
É dolorosa a vida de quem ama
E não é entendido, nem aceite
A ilusão perdida é como a chama
Que se extingue à míngua do azeite
E não se vote à sorte providente
A amargura que enche o coração
Ele não manda num outro que não sente
Nem late, com o nosso, essa emoção
O que não tem remédio nem consolo
Há que esquecer, com sábia indulgência
Ou estamos assumindo o próprio dolo
Que a vida tem demais outra excelência
E só lhe volta as costas quem é tolo
Ou está disso proposto, à evidência
Bogotá
Setembro de 2010
Ao Sacrifício!
Regina Coeli
Tão tristemente vive um desprezado alguém
Que espera o seu amor num leito de carinhos
Do debruçar do sol, que nina os passarinhos,
Até chegar sozinha a lua, sem seu bem.
Pudesse a luz que brilha aqui, brilhar além...
E a luz fazer de mel amargos descaminhos...
E o amor tornar um só dois corações sozinhos...
Leda ilusão sonhar que amada sou também...
Se amar é o meu sentir e faz sua própria lei,
Matar o amor, não há como e por que fazê-lo,
Pois é tão belo amar e sempre eu amarei!
Doído amor, a dor de eu não poder vivê-lo
Dói menos que a emoção a me gritar: — Eu sei!
Nobre é senti-lo doer a ter de emudecê-lo!
Rio de Janeiro/RJ, 12 de outubro de 2010.
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