Poeira cósmica-Foto NASA |
Descida
JG de Araujo Jorge
Subida
Regina Coeli
O que tinha que ser já foi... E está perdida
Aquela ânsia de espera, de desejo e fé,
E tudo o que virá será cópia esbatida
Da Vida que foi Vida e hoje Vida não é...
Pensar que tudo já se tinha ido embora,
A doce espera, a ânsia em jovial desejo,
Nada, nada temendo, sem senão ou pejo,
Porque se há Vida, dela é o trono de Senhora...
Muito pouco de tudo ainda resta de pé...
Agora, nunca mais estréias... Repetida
A alma se reverá num desespero, até
Que a vida já não valha a pena ser vivida...
Cair ao chão e só lembrar aquele outrora
É condenar o ímpeto de dar um beijo
À masmorra que nega o sol em vivo ensejo,
Porque uma outra é a boca que se tem agora...
Do que foi canto e flor restam só as raízes,
E ao tédio que envenena os dias mais risonhos
Repito: nunca mas estréias... só “reprises”...
Cuidar a flor em esquálida e tão triste planta
É vicejar a alma em chuvas de verão
E recriar-se em sonhos no amanhã que canta.
E que importa o que vier? Sejam anos ou meses?
— Nunca mais a beleza dos primeiros sonhos!
— Nunca mais a surpresa das primeiras vezes!
Anseios debulhados ontem, já não são...
Hoje a beleza etérea, perfumada e santa,
Surpreende-se mais bela ao tom do coração...
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