Solidão
Giovanni Finetti
Ó musa a povoar as madrugadas,
Não vês que este silêncio que me impões
Devasta e dilacera em mil facadas
Os meus difusos sonhos e ilusões?
Sem ti há curvas entortando a vida,
Angústias e vazios revelando
Uma saudade que de ti, querida,
É pranto que meu rosto vai lavando.
Percebe, meu amor, a minha dor
Exposta nas palavras que te digo
E vem dizer a mim, suave flor,
Que um pouco do que sou está contigo.
Vem logo, uma loucura a mim me resta
Pra mitigar a ausência que é só tua,
Serrar ao meio a cama que protesta
Faltar sobre ela o teu brilhar de lua.
Solidão
Regina Coeli
Deixa ficar o palco como está,
Cenário de pungentes fantasias
E de cortinas escondendo dias
Que mais fizeram triste o sabiá...
Deixa ficar o palco como está,
Que as sombras lacrimosas e sombrias
Encontrarão o sol em alegrias
Tão doces a esquecer os ais de lá...
Espera-me, poeta, a mim espera,
Que eu chegarei pra te falar de amor,
De lua e luar, à luz de uma quimera...
Espera-me e eu darei a minha flor
Aos sonhos teus, que a angústia dilacera,
E pintarás meu verso em tua cor!
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