Já nem os búzios
me trazem o mar
Eugénio de Sá
Eu que do mar amante fui um dia
Desse mar que em faustos naveguei
Outra visão tenho da nostalgia
Pois apartado dele hoje fiquei
Vaga-me a alma nas distantes ondas
E em horrores se perde o seu sabor
Quando vislumbro as fauces hediondas
Desta saudade feita Adamastor
Ah; que do mar profundo essas lembranças
Não se me apaguem mais no coração
Mesmo distante dele, noutras paranças
Sempre lhe sinto o amor, a doação
Já que o pulcro oceano não mais vejo
Se nem nos búzios ouço o seu ruído
Ao vento eu confio que num beijo
Lhe leve o que de mim for mais sentido
Brasil
Julho de 2007
Visão
Regina Coeli
Também um dia fui do mar amante
Beijos quentes, salgados aos meus pés
E espumas invadindo os meus anéis
Envoltos num sabor inebriante...
De maresia, em névoa arrepiante,
A emocionar-me os pelos nas marés
Altas e admiradas dos convés
De mim, uma emoção que jaz distante...
De audazes ondas indo e vindo em mim
Me restam uns esquálidos respingos
Sentenciados ao pífio do seu fim...
Ainda te sinto, Mar, nos tantos pingos
Escorridos de um tempo de onde eu vim.
São lágrimas que verto em choramingos.
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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