Fumaça

Morava em mim o apito de um trenzinho

Levando pelos trilhos a passear

A Vida muito fácil em seu passar

Num passo de compasso bem miudinho. 

Em minha mente ecoava, de mansinho,

Um som, sem pressa alguma, a desenhar

Floquinhos de fumaça a acalentar

Desejos meus guardados num cofrinho: 

— Que as viagens, elas todas, fossem belas

E meus olhos sorrissem de alegria

Às paisagens abertas das janelas... 

Mas hoje sei o que ontem não sabia... 

— Que a fumaça, no céu em aquarelas,

Era a força, pra andar, que o trem fazia. 

Cartas de alforria

Escritos de Regina Coeli

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