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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Dois Tempos


Se o Tempo fere (ah, fere o Tempo enquanto passa...) 
E pisa os sonhos (tão pisado o que sonhei...), 
Pergunto ao Tempo: — Tempo, diz-me a tua lei 
E o Tempo ri, e passa perto, e nem me abraça...

Voltei no tempo e achei-me rindo numa praça 
Cheia de flor... Juntinho a mim eu me sentei 
Para encontrar o tempo exato em que deixei 
Fugir meu tão bonito sonho e a minha graça... 

Senti brotar em mim bolinhas de sabão 
Tão coloridas como aquelas que eu fazia 
Soprando sonhos por canudo de mamão... 

Olhei pro lado e vi um olhar que me sorria...
Me descalcei do Tempo e os pés pousei no chão;
Corri, virei criança e me abracei ao dia!

Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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