
Ventos açoitam, um frio insano gela
Os sonhos róseos de uma tez morena
Em tenra casca a emoldurar, pequena,
Caminhos jovens vistos da janela...
Cercas se curvam ao tempo que atropela
Podres moirões em solidão serena,
Enquanto os invasores entram em cena,
Jogando ao chão porteira sem tramela...
E no cair de chuvas copiosas...
E no calor do sol, beijando ardente,
O arame frouxo veste-se de rosas...
E aquele Amor, guardado qual semente,
Germina ao fim de esperas dolorosas
E explode em cores suaves... docemente!
Cartas de Alforria
Escritos de Regina Coeli
Humberto-Poeta disse:
ResponderExcluirQue belo soneto, este! Eu diria que o sentimentalismo que embala o estro de Regina Coeli fica indelevelmmente explícito no lirismo incomparável destes quatorze versos, mas me permito destacar este terceto:
"E no cair de chuvas copiosas...
E no calor do sol, beijando ardente,
O arame frouxo veste-se de rosas..."
Não, não é qualquer poeta que escreve trechos de tal beleza" A Regina, sim, pois conheço quase toda a sua obra e são comuns esses revérberos poéticos no que escreve.