
Jogo Perdido
Regina Coeli/Humberto - Poeta
Deixei que te pendurasses
Na parte firme de mim;
A melhor das minhas faces
Mostrei-te em belo carmim.
O charme com que me brindas
já tem encantos sem fim;
pois tuas faces já são lindas,
não precisam de carmim!
Abri pra ti meu espaço
E te fiz bela canção;
Luzi meu olhar tão baço
Com a luz do coração...
Bela canção me ofertaste,
em notas tão maviosas,
que da terra me elevaste
para além das nebulosas!
Pisoteaste meu canteiro
E mataste a minha flor...
Se pra mim eras primeiro,
Muitas tinham teu amor...
Não sei por que estranha lei
nutres mágoa contra elas,
pois o amor com que te amei
jamais dei a qualquer delas!
Lembrei-me de uma canoa
Da qual eu pulei um dia...
Bonita, e podre na proa,
Muito mais do que eu sabia...
Se era podre essa canoa
da qual teu ser se safou,
esse alguém te amou à toa,
ou talvez jamais te amou.
Canoa, canteiro, nada
Vai te fazer entender
Que eu caí numa cilada
Armada pra te prender.
Não creio, nem boto fé
nessa confusa charada:
que tenhas te feito ré
da tua própria cilada!
Sem ter vindo, foste embora
Num jogo que se repete:
Foste o minuto sem hora
Que eu perdi na bola sete!
Sem ter vindo ir-me embora,
é estranho o bilhar da vida;
então te proponho, agora,
jogarmos nova partida!
Muito bom dueto. Parabéns a ambos!
ResponderExcluir“Olá, Ouverney! É um prazer encontrar por aqui a presença ilustre de tão exímio trovador! E prazer maior é agradecer-te, em meu nome e em conjunto com Regina Coeli, a fineza de tão gentil comentário ao nosso poema "Jogo Perdido"! Deixo-te aqui meu cordial abraço”.
ExcluirHumberto - Poeta
São Paulo/SP