TEMPO ESGOTADO
Qual folha caída e ressequida pelo tempo,
Empurrada de lá pra cá pela ação do vento,
Choras por não mais teres o viço de outrora,
Gasto em amores havidos pela Vida afora.
Apressaste os dias de tua meninice
Para ser logo mulher, quanta tolice!
Cortaste as tranças, te preparaste para o amor,
Deixaste para trás os risos, e conheceste a dor.
Dor bandida que consome de mansinho,
Que aperta e machuca bem devagarinho.
Dor que traz lágrimas que turvam o olhar,
Que embota o sorriso e faz desesperar.
É a dita dor de amor, sonsa e matreira,
Aquela que finge que não dói, e escoiceia;
Dor que fere e maltrata de verdade,
Suga a alma e vergasta o corpo sem piedade.
Passados os anos e idos os amores,
Choram a alma e o corpo as suas dores.
Mostram-se as marcas de um tempo que passou:
Pele envelhecida e um olhar que se ofuscou.
Acalma teu coração, amante implodida,
Efêmeras são as coisas e tu és parte da Vida.
Gastaste gozos e sonhos, dores e fulgores...
Também fenecem os jardins e as suas flores...
Tudo tem início, meio e fim, esta é a filosofia.
Então, folha ressequida, aceita o novo dia!
Põe a roupa da maturidade que contigo condiz,
Enxuga o pranto, o resto é passado, sê feliz!
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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