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NINHO



















Cuidando de passarinho
suavizei meu gesto,
orientei o passo incerto,
como se construísse um ninho. 

Dando comida a passarinho
alimentei minhas mãos,
deixei com fome os meus desvãos,
acarinhei-me com meu próprio carinho.

Asseando passarinho
limpei sua sujeirinha, sim,
mas o maior asseio era em mim,
saindo do meu torvelinho. 

No engaiolado passarinho
vi minha alma reclusa,
toda uma lida confusa
lutando contra o desalinho. 

Meu amigo passarinho,
também eu vivo na gaiola,
minha alma soluça e chora,
querendo buscar seu ninho... 

Passarinho de asas contidas,
vem, vem na minha mão,
voemos na imaginação
de alarmos nossas asas adormecidas... 

Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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