Flores nas mãos,
simbolizando Amor;
Palavras no peito,
soluçando amargor.
Beleza em forma de flores,
encantos coloridos do dia-a-dia,
perfumam ásperas lembranças,
despetalam mágoas em Poesia.
Mãos que cultivam a terra,
enchendo a Vida de brio;
língua em forma de serra,
serrando sonhos banhados num rio.
Olhos que se perdem em delírio,
borboleteando de flor em flor,
palavras que esbofeteiam, severas,
pragas do coração em desamor.
Transformar aridez em arado,
lavrar a terra de dentro da gente,
umedecê-la com prazerosas lágrimas
e encher os canteiros de sementes.
Sementes de tolerância,
de amizade e de compaixão;
sementes de esperança e de fé,
de emoção e êxtase, do sim e do
não.
Cuidar as sementes-meninas
no tempo exato de seu desabrochar;
da flor em botão, tênue cheiro,
até o seu pleno perfumar.
Cuidar... cuidar...
cuidar...
Livrar os canteiros das ervas,
daninhas e danosas à floração,
podar a ansiedade da espera lerda.
E o jardineiro que tira flor da terra,
que das mãos vê a vida brotar,
ensina ao homem que vocifera:
na palavra ele também faz a vida
vicejar.
E a Felicidade, menina,
pode estar na terra do meu jardim,
vestida com roupa de palavra,
ansiando cuidados
para florescer
dentro de mim.
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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