Na infância...
Ponte para o comunicar
Rabiscos e traços para brincar
Imagens para extravasar
Idéias de criança a borbulhar...
Na adolescência...
Registros do amar
Anotações em um diário para mais tarde relembrar
Sonhos e ilusões escondidos para se preservar
Segredos e sentimentos revividos num folhear...
A idade adulta...
Mestra em desvirtuar
Rumos e caminhos que se queria tanto trilhar
Põe tudo de lado e impõe valores e metas num esgar
No nosso caso, desfigurou tudo e nos lançou , vós e eu, num sentido calar...
Fomos engavetados sem data para nos desengavetar
Enchemo-nos de pó pelo desuso e nem vimos o tempo passar
Quando acordamos de nós, havia algo novo do lado de fora, no ar
Mas o antigo estava intacto e imutável, no mesmo lugar...
E assim, reconciliamo-nos com valores, com a tradição e com o pensar
Crendo vivamente: a mudança de rota no caminho faz desvirtuar
Causa burburinho, frustrações e às vezes até o desesperar
Mas o que é de real importância volta, é só esperar...
Hoje, a idade madura promove o nosso reencontrar
Vivemos momentos de enternecimento e de pleno amar
Encharcados do choro de saudade que continua a se derramar...
Molhadas lágrimas, fiéis e amigas, que os anos não conseguiram secar
Nossa simbiose é antiga, aprendemos verdadeiramente a nos doar
Sem exigências, sem cobranças, encontramo-nos... para nos encontrar
Vós, companheiros do sempre - PENA E PAPEL - instrumentos do registrar
Amigos do meu "Eu" , na caminhada pela Vida, a me consolar...
Poderíeis ser apenas "pena e papel" para um simples usar
Para mim, que lancei mão de vós em momentos de puro necessitar
Sois a mão fraterna sempre pronta a me amparar
Amigos calados, testemunhando o meu falar...
Ainda que tenham perdido para a modernidade o seu lugar
Dou-vos, pena e papel, meu grato coração por sua companhia muda e sem par
Ao longo de todo o meu trajeto, para através de vós desabafar
As dores minhas, aspirante a poeta em meu eterno despertar...
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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