Web Statistics

O POETA NU

























Quisera que o Poeta se desnudasse
diante de seu sublime versejar,
emudecesse a voz que lhe sai da boca,
 somente falar o coração ele deixasse.

Quisera ver o Poeta nu em pelo,
Sem artifícios nem querelas,
Desatrelado a problemas,
cuidando a sua Arte com desvelo.

Despe-te, Poeta, de qualquer suplício!
Livra-te das amarras que te prendem
e só à inspiração, feliz,  te escraviza,
fazendo do escrever teu único vício!

Mas... O Poeta é gente, e gente erra.
Poeta é humano, um ser que mente...
E quando mancha o verso com atos feios,
faz triste papel no mundo das quimeras.

Ao misturar Razão com Emoção,
O Poeta controla a palavra que antes fluía;
cala cantos feitos em parceria, em uníssono,
poda as asas dos livres voos em arribação.

Amor e Poesia são atos em unicidade,
descaracterizam sexo, raça ou cor,
naturalidade, religião ou estado civil,
meros dados... assim como a idade. 

Despido do Amor Maior em seu dia a dia,
aniquilado por seus rios poluídos,
O Homem treme e, em contrapartida,
sabota o Poeta que chora Poesia. 

O Homem é do Poeta o suporte.
Se ele apodrece os seus valores,
se deixa manipularem o seu querer,
o Poeta empobrece, perde o norte.

E aí o Poeta vira refém do Homem.
Vira escravo de desejos e de caprichos.
Dá adeus ao verso livre e soberano,
Deixa que o livre arbítrio se lhe tomem.

Macula a Poesia o Homem-Poeta
quando desgoverna o sentido do verso,
jogado no lixo do descaso, sem respeito,
em tramas e urdiduras na hora mais secreta. 

Se aviltado o mundo da Poesia
e o caminho que vai delineando,
ela (a criatura, o homem, o ser humano)
derruba o Poeta e o seu lirismo sentencia.

Verso e Poesia, especiais essências,
merecem ser guardados com apreço
por quem aspira ao seu doce aroma,
pelos que cantam as suas vivências.

Homem e Poeta, dois seres distintos.
Quisera que o Poeta ao homem humanizasse.
E que o Homem ao Poeta não desmoralizasse. 

Cartas de alforria 
Escritos de Regina Coeli
_______



Nenhum comentário:

Postar um comentário