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SONETOS FRATERNOS II



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(II)

























Recomeço
António Barroso (Tiago)

Em tão pouco tempo, já sinto saudade,
Foi um erro eu dizer para parar,
Era tão bom, gostoso, ao acordar,
Receber tantos versos de amizade.

Parecia um regresso à mocidade
Na carta que mandava, inda a sonhar,
E então, ficava tempos a aguardar,
A sofrer numa espera de ansiedade.

Pois falemos de amor, da natureza,
Do arco-íris com cores de beleza,
Das estrelas que correm pelos céus.

Depois, embriagados de prazer,
Deixemos toda a vida acontecer
Num sorriso, ante a linda obra de Deus.

Parede / Portugal  (21/02/2014)




Recomeço
Regina Coeli

Por minhas vias caminhei meu sonho
E o imaginei tão belo em seu perfume
Que dele até cheguei a ter ciúme
Num pensamento a que chamei bisonho.

Nesse meu sonho, altiva então me ponho
E das estrelas lindas colho o lume
Pra que jamais se vá de mim ou esfume
Mágico brilho sobre o que é tristonho.

A tempestade veio em tom de dança,
Tudo levou, mas deu-me o endereço
De um arco-íris pleno de bonança.

Ressurge em mim a cor do recomeço
E aquele sonho, quase uma lembrança,
Me ergue do chão após o meu tropeço.

Rio de Janeiro/RJ, 23 de fevereiro de 2014.
  




A espera
António Barroso (Tiago)

Eu estava esperando o teu regresso
P’ra sentir essa terna poesia
Que, na tua alma, nasce e é companhia
Que eu ansiava, neste recomeço.

Agora, em oração, a Deus, eu peço
Que possas alegrar sempre o meu dia
Com um pouco de sonho e fantasia
Trazido num correio que seja expresso.

E, quando de qualquer coisa se gosta,
Custa muito esperar pela resposta,
Embora sempre exista uma esperança.

O tempo de aguardar forma a quimera,
Dizem que “quem espera, desespera”,
Mas eu digo “quem espera sempre alcança”.

Parede / Portugal (24/02/2014)




À Espera...
Regina Coeli

A borboleta aguarda pra voar
De flor em flor para beijar a Vida
Que, no seu júbilo de ser querida,
Já se abre em asas lindas a esperar...

A flor, de muda até desabrochar,
Percorre o tempo incerto da subida:
Mastigar sol pra se sentir suprida
E beber chuva do alto a derramar...

Querer e ter, princípio e fim da espera...
Doce martírio, gosto de Esperança
Que aguarda o tempo e ao sábio tempo alcança...

Falou-me o verso meu - "Não desespera,
Inda vai ter perfume a tua quimera..."
E hoje vem Tiago em versos de bonança...

Rio de Janeiro/RJ, 25 de fevereiro de 2014.



A borboleta
António Barroso (Tiago)

A borboleta azul, pinta amarela,
Parecia chegada de viagem,
Sorriu-me, bateu asas e, em viragem,
Pousou no parapeito da janela.

Naquele quadro digno de aguarela,
Ela tremia à mais pequena aragem,
Mas contou que enfrentara, com coragem,
Todo um mar que bramia, na procela.

Então, disse, baixinho, num segredo:
- Não temas, por mim, não tive medo,
Vim porque, de Regina, era o desejo.

- Trouxeste-me um soneto, e vais partir,
Mas antes, um favor te vou pedir,
Leva-lhe, em tuas asas, o meu beijo.

Parede / Portugal (25/02/2014)





A Borboleta e o Beijo
Regina Coeli

Quanta ternura vem de Portugal 
Na tessitura de um soneto belo, 
Fossem paredes vivas de um castelo
Inigualável... Jamais visto igual!

Em cada letra, o tom artesanal
Costura o verso de um cantar singelo,
Mas que em poema exalta qual libelo
O que é bonito e o que é essencial.   

E a borboleta que o teu beijo trouxe
Nas asas dela, cheio de calor,
Diz que entre flores és flor. E a mais doce.

Então confesso, poeta, minha flor:
Se o verso meu a borboleta fosse,
Eu pousaria em ti beijos de Amor...

Rio de Janeiro/RJ, 26 de fevereiro de 2014.





O mensageiro
António Barroso (Tiago)

Andam beijos cruzando o mar infindo
No dorso de ilusões que se sonharam
E, tomando asas, pelo céu, voaram,
Pondo cada soneto inda mais lindo.

Os versos, em cascata, estão fluindo,
Abraços de carinho carregaram,
Pelo espaço, já todos se espalharam
E, aos poucos, sobre mim, vêm caindo.

Borboleta, cansada, se afastou,
E, logo uma andorinha, a mim, voou
Muito meiga, suave, e bem formosa.

E, ela, então, me pediu, de tal maneira,
Que a mandei, como nova mensageira,
Levando um terno beijo, numa rosa.

Parede / Portugal (25/02/2014)




Só Amor
Regina Coeli

Se nossos beijos cruzam o mar infindo
Estremecendo as ilusões sonhadas,
Tão bom seria ver, entrelaçadas,
Da humanidade as mãos. Que sonho lindo!

Abraços nós trocamos, vão caindo
Por sobre as águas unas, abraçadas
Sob o esplendor da lua, enluaradas,
Ou rebrilhando o sol que vai surgindo...

Abraços, beijos, tanto Amor caminha
Num pensamento aberto para um mundo
De tanta gente junta, a andar sozinha...

Num coração que eu quero o mais fecundo,
Acolho o beijo, a rosa e a andorinha
Do doce Tiago. E tudo cala fundo.

Rio de Janeiro/RJ, 27 de fevereiro de 2014.





Esperança
António Barroso (Tiago)

Tantas coisas nos calam, bem no fundo,
Que não sabemos mais com que contar,
Pois custa muito, amigo ver penar,
É tristeza maior inda que o mundo.

Algo que muito doi, a cada segundo,
A constante amargura a acompanhar
Um desespero enorme, sem ter par,
Sentimento de dor, muito profundo.

Peço a Deus, numa sentida oração,
Que ponha, sobre a amiga, a sua mão,
Com ternura, meiguice, com carinho.

Que Ele faça um milagre acontecer
Que, amar do coração, e ver sofrer,
É ver a alma morrer, devagarinho.

Parede / Portugal  (27/02/2014)




A um Amigo
Regina Coeli

A Amizade é nota da canção
Que toca leve, forte ou sutilmente
As cordas vivas da emoção da gente,
Vibrando a caixa que é o coração.

Amigos cantam juntos a canção
E as suas vozes tão completamente
Se abrem,que o tom de cada alma sente
Pulsar no peito a voz da comunhão.

Amigo, és bênção que, feliz, bendigo.
És luz. Tu deixas ver melhor a Vida.
És chão que sob os pés eu sinto... E sigo.  

E quando, amigo, vais em despedida,
A essência tua fica aqui comigo
E me ilumina, se eu ficar perdida.

Rio de Janeiro/RJ, 28 de fevereiro de 2014.





A esperança
António Barroso (Tiago)

Na vida, às vezes, surgem uns momentos
Em que nos damos conta de que alguém,
Que importa perto ou longe, mas que tem
A mesma comunhão de sentimentos.

Então, unem-se os nossos sentimentos,
Sentimos que o destino nos deu quem
Alegra os nossos dias, mas também
Sabe acolher, sofrendo, os seus lamentos.

E se Deus nos transmite confiança,
Há que guardar, no peito, uma esperança
Porque Ele mandará o seu recado.

Se o momento actual é muito duro,
Decerto haverá risos, no futuro,
Esquecendo as tristezas do passado.

Parede / Portugal (01/03/2014)



A Esperança
Regina Coeli

Amigo Tiago, que palavras lindas
Trazes a este meu momento triste
De me indagar se o que na Terra existe
É só um mar de lágrimas infindas...

Não pode ser.  O mar em suas vindas
Tudo salgou do que levou. E insiste
Em ir e vir, salgando o olhar que assiste
A tanta cor que pinta essas revindas...

Que cada cor nos encha de bonança
Na meiga brisa a se seguir ao vento
Que açoita forte o peito da Esperança...

Porque a Esperança é um jardim florido
E se ela morre em nosso pensamento,
Em volta as flores já terão morrido.

Rio de Janeiro/RJ, 02 de março de 2014.





Sonhos!...
António Barroso (Tiago)

Eu sonhei!... Foi um sonho diferente...
Por entre aquela névoa e neblina,
Dei com Ilka, com Cleide e com Regina,
Postadas, com carinho, a minha frente.

Perante esta atitude, eu, sorridente,
Só pude murmurar, muito em surdina
Obrigado, obrigado à minha sina
Que trouxe estas amigas de presente.

De súbito, acordei, mas gostaria
Que o sonho inda voltasse, um outro dia,
Com versos a cantarem liberdade.

Tomar, nas minhas mãos, um  raio de sol,
P´ra reger a canção do rouxinol
Num brinde de alegria à amizade.

Parede / Portugal (02/03/2014)


  

Sonho-realidade
Regina Coeli

O que se sonha, e a nossa alma abraça,
Quem sabe seja aquela realidade
Que a gente busca e um dia nos invade
Num real sonho por que a gente passa?...

Se o sonho chega e o bem-estar que grassa
Em cada veia é só felicidade,
Pra que acordar e já sentir saudade
Desse real que tão gostoso enlaça?...

Olhar estrelas, ver o mar e a lua,
As lindas flores que bordejam um lago,
Tudo é um sonhar... Minh'alma então flutua

Num sentimento que, sem mãos, é afago,
Amor, sem corpo, na Amizade nua
Que vem de Ilka e Cleide. E sinto em Tiago.

Rio de Janeiro/RJ, 03 de março de 2014.





A travessia
António Barroso (Tiago)

O sonho! Sim, o sonho é apenas isso,
Sustento de poeta, uma ilusão,
Que anda sempre atrás da imaginação
Como passe de mágica, ou feitiço.

Real é, por momentos, e é submisso,
Companheiro que afasta a solidão,
Fazendo o longe, perto, mesmo à mão,
E permite um abraço, um compromisso.

Findo isto, volta a sonho imaginário
Na busca de encontrar um emissário
Que transponha o oceano com um passo.

Que leve, na sacola, o meu desejo
De juntar, para todas, o meu beijo
Envolto num fraterno e longo abraço.

Parede / Portugal (04/03/2014)



Vivendo em Sonho
Regina Coeli

Parede eu sou e a cor se vai perdendo
Na superfície do que fui um dia;
Os tantos tons com que eu me coloria
Eu sinto que hoje vão esmaecendo.

Gemendo, o corpo vai envelhecendo...
Dor que dói hoje e que ontem não doía...
Chegadas rugas, ontem não as via,
E que nem ousam me pedir remendo...

Mas no meu sonho eu sou uma construção
Altivamente bela e colorida
Em vivos  tons de Amor e de Emoção.

Pinta-me o sonho e eu pinto a minha vida
Numa aquarela, sempre em mutação,
Que jamais chora a sua cor perdida.

Rio de Janeiro/RJ, 05 de março de 2014.





A folhinha
António Barroso (Tiago)

Frente à minha casa, há uma figueira,
E as folhinhas se fazem já notar,
Sinal que a primavera está a chegar
E, com ela, o sol que enche a casa inteira.

Resolvi baptizar de Ilka, a primeira,
Mas a outra, de Regina eu fui chamar,
Sempre que passo, e as vou cumprimentar,
Respondem-me, mas à sua maneira.

Meu préstimo é pequeno, pouco valho,
Mas se, perto de ti, tu vires um galho
Com as folhas da minha fantasia,

No ramo seco, velho, uma avezinha
Começa a ver nascer uma folhinha
Que, quando tu passas, diz “Bom dia”.

Parede  / Portugal (06/03/2014)





Uma Folhinha
Regina Coeli

Se uma folhinha me disser “Bom dia”
De um novo ou velho galho, onde estiver,
Responderei feliz, e se puder
Desfrutarei da sua companhia.

A folha nova vive em alegria,
Se na figueira, se num bem-me-quer,
Enfrenta o vento, seja ele qualquer,
Não se entristece, cresce em euforia.

Ser folha tenra, fantasia minha...
Voltar no tempo e não ser mais quimera,
Mas ponto verde numa manhãzinha...

Folhinha eu... Brotar com a primavera
Num galho seco onde uma avezinha
Canta “Bom dia” ao poeta... Ah... eu quisera!

Rio de Janeiro/RJ, 07 de março de 2014.




Nova folhinha
António Barroso (Tiago)

Naquele ramo de árvore, eu notei
Que a folhinha já tinha companhia,
Olhou p'ra mim, sorriu, disse "bom dia".
Como me conheceu, isso não sei.

Depois, muito admirado, reparei
Que me chamava a si, e que luzia
Ao jovem raio de sol que a seduzia,
E o que me disse, baixo, eu decorei.

Disse ela, que nasceu, ontem, menina,
P'ra que eu a baptizasse de Regina
E, pois assim a chame, assim a marque.

Frente à minha janela, ela ir morar
Para poder, por mim, sempre chamar
Quando eu sair de casa e for ao parque.

Parede / Portugal (08/03/2014)






Folhinha, eu...
Regina Coeli

Ontem nasci. Por ter recém nascido,
Sinto-me livre num viver contente
E a tudo o mais serei indiferente
Como se nunca houvera eu vivido.

Abro-me ao sol num ato consentido
De redenção tão pura e displicente,
Que a minha tez reage docilmente
Por seu calor haver-me seduzido.

Do meu galhinho vi o sol chegando,
Seus raios, lindos, poemas pareciam,
Fosse ele um poeta versos declamando...

As outras folhas e o sol não viam
Que esta folhinha declamava quando
O sol morria. E em mim versos viviam.

Rio de Janeiro/RJ, 10 de março de 2014.




O rouxinol
António Barroso (Tiago)

Pedi, ao rouxinol, uma canção
P’ra dizer, nos gorjeios que ele costuma,
Em letras que levassem, além bruma,
À Ilka, algum conforto, em oração.

E o rouxinol fez uma afinação
Da voz que corre o espaço, que o perfuma,
E lançou as palavras, uma a uma
Que, longe, se hão-de ouvir com perfeição.

Esse trinado lindo, que enche as almas,
Parou e, de repente, eu ouvi palmas,
Era a folha Regina, no raminho.

Surpreso, eu lhe pedi, nesse momento:
- Se tu tens transmissão de pensamento,
Envia-lhes um beijo de carinho.

Parede / Portugal (10/03/2014) 



O silêncio
Regina Coeli

Tu és, meu sabiá da laranjeira,
Um eco à minha alma tão aflita,
Mas hoje em oração firme e contrita
Voltemo-nos pra amiga Ilka Vieira.

A gaita que tu tocas, altaneira,
Fará vibrar uma canção bendita
Aos corações de Fé tão infinita
E de emoção sincera e verdadeira.

De um rouxinol tu ouvirás trinados
Nos versos que Tiago ofereceu
A Ilka e pela ave declamados.  

Quando o Cosmos a tudo emudeceu,
Caiu dos Céus, em cantos ritmados,
Doce silêncio. E Ilka compreendeu.

Rio de Janeiro/RJ, 11 de março de 2014.


  


O concerto
António Barroso (Tiago)

Cantaram, rouxinol e sabiá,
Uma canção tão linda, que as estrelas
Nunca mais conseguiram esquecê-las
E, então, juntas, em coro, as cantam já.

Saltitando, febris, de cá p'ra lá,
Trauteiam melodias e, tão belas,
Que ecoam pelas ruas, p'las vielas,
Porque, atrás duma, sempre outra virá.

Quando a amizade canta estas canções,
Até podem passar as estações
Que se ouvirão sempre, em qualquer altura.

Que tudo o que se escuta é p'ra gravar
Momentos que se querem recordar
E que se guardam, na alma, com ternura.

Parede / Portugal (12/03/2014)





O Concerto
Regina Coeli

Que meigos sejam sempre os passarinhos
Com seus arpejos a cantar o Amor,
A melodia cheia de dulçor
Que se ouve cedo no acordar dos ninhos.

Percorram o espaço afagos e carinhos,
Numa canção que embala o sonhador
A ouvir trinados, seja onde for,
Pra pisar manso até nos descaminhos.

E será esta a melhor cantiga
A encher de cálida emoção o peito
Quando se canta em parceria amiga.

E num concerto com final perfeito,
O rouxinol floreia à moda antiga
Sons que o sabiá modula em novo jeito. 

Rio de Janeiro/RJ, 13 de março de 2014.





A orquestra
António Barroso (Tiago)

De início, um passarinho assobiou,
Depois, um sabiá lhe respondeu,
Então, pequena banda aconteceu
Quando o pardal maestro se juntou.

O melro, o clarinete transportou,
Cotovia, com a harpa, apareceu,
Chegado, o pintassilgo, em apogeu,
Pegou no seu flautim, também tocou.

Vieram tantas aves, que esta orquestra
Já pensa em digressões, e até se apresta
A achar um tocador de concertina.

Já tem a catatua, no tambor,
Nas vozes, o Tiago é o tenor,
Mas a diva soprano é a Regina.

Parede - Portugal (14/03/2014)





Apoteose
Regina Coeli

Naquele vinte e nove de janeiro
Deste ano, a minha lira cor-de-rosa
A um doce acorde doou a sua rosa
E o verso meu cantado por inteiro.

De Portugal, um lírico candeeiro
Iluminou-me a rima, que orgulhosa,
Sorria pra si mesma, toda prosa,
Dando-se ao verso amado, seu parceiro.

Feliz, minh’alma solta pelos ares,
Beijos, carinhos voaram sobre o mar,
Letras verteram mil e um sonhares...

O que é um verso, Tiago de além-mar?
- É um beijo meu pra ti quando passares
E eu te seguir, poética, pra amar.

Rio de Janeiro/RJ, 14 de março de 2014.



                                  (Março de 2014, 2ª. quinzena)




























                                          


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