Pela Vida, mistério que ainda não decifrei,
viverei para andar,
olhar,
ver,
falar,
sentir,
Amar
Se for pelo andar,
Eu andarei pra lá e pra cá,
No meio da rua, eu dançarei
À cata de flores e dos bem-te-vis,
Dos pardais, sabiás e colibris.
Buscarei das matas os verdores,
Tomarei banho nos rios e regatos
E sublimarei todas as dores.
Se for pelo olhar,
Eu olharei e buscarei ver
Além do que a imagem me mostrar.
Penetrarei os quintais e o arvoredo.
Espiarei a água que brota nos mananciais.
Escalarei os rochedos com o olhar
E com os olhos cheinhos de vida, olharei
cada coisa como se fosse meu último olhar.
Se for pelo falar,
Que eu fale baixinho
Aos grandes e aos pequenininhos.
Que eu transmita sons de carinho
Em palavras boas e decantadas no tempo,
Qual vinho no êxtase de um momento
Em que ergamos taças ou copos para festejar.
Se for pelo sentir,
Que eu sinta com prazer e pelo risco de perder.
Que eu me entregue em carência e me deixe levar.
Que eu busque a plenitude em qualquer sentimento
E viva cada instante em todo o seu pulsar.
Se for para Amar,
Que eu ame Tudo, sem pesar tamanho e valor,
Coisas, bichos, gente, atitudes, idade, sexo ou cor.
Que eu ame e esparrame Amor em tudo o que eu tocar,
Porque é isso que a Vida deu a mim para eu doar.
Mas se eu tiver que perder,
Não culpo a Vida, porque sinto que ela tudo me dá.
E nas minhas andanças cheias de esperança
Quer por terra, por ar ou por mar,
Sinto, vejo, olho e amo a Vida como pano de fundo,
Não como vilã dos males do mundo:
A Vida é nascer, florescer, melhorar, prosperar...
e morrer;
e morrer;
O mais é o que se sente, o que está no entender.
Para entender, é preciso fechar os olhos e VER.
Um ver que transcende o concreto e a razão,
Que quebre a couraça do tempo,
Que vença a lassidão dos momentos
E beba do Amor que emana da fonte do coração.
Vida, Vida, mãe-plena da minha lida!
Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
________
____________
Nenhum comentário:
Postar um comentário