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quarta-feira, 31 de maio de 2017

PAI NOSSO DE CADA DIA

Regina Coeli


Desperta o dia em hinos de magia
No bem-te-vi de gritos encantados,
No sabiá de tons alaranjados,
Que gentilmente vêm cantar “bom-dia”! 

Um sangue rubro escorre dos jornais
E as letras mostram morte, adeus, enganos;
Miséria e desencanto sob os panos
De um hoje que tem gosto de jamais. 

O vento sopra manso na janela
E faz uma florzinha balançar.
É como as fortes ondas que há no mar
Que vendo a areia amansam-se por ela. 

Na rua há um alvoroço costumeiro,
As mães carregam sonhos na sacola
De seus rebeldes filhos rumo à escola
Cujo valor perdeu para o dinheiro. 

O sol se vai abrindo em esplendor
A todos agraciando com a luz
Dourada e quente a iluminar a cruz
Que é mais pesada, se não há o Senhor. 

Tão imperfeitos somos nós, ó Deus,
Ilhas de desamor em mar perdidos,
Tão falhos, mentirosos e fingidos,
Alheios aos valores todos Teus. 

Que tempos estes? Tantos desatinos,
Tanto vazio em duros corações
Que trancafiam almas nos porões
Do desalento, velhos ou meninos. 

Mas vai chegar o Tempo das bonanças
Num tão sublime alvor de madrugada,
Que a Flor Divina, com Amor cuidada,
Perfumará a Vida das crianças...

Cartas de alforria
Escritos de Regina Coeli
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